Reportagens

Quem estuda a distância pensa diferente? Parte I


Globalização - Uma abordagem da neurociência

Se há algo que mudou a vida dos seres humanos nas últimas décadas é o processo de globalização. Em seguida alguém pode pular lá do outro lado e pensar que estamos falando apenas da dimensão econômico-financeira com suas possibilidades de negócios em todo mundo, mercados co-relacionados, novas abordagens de atendimento e fornecimento, interligações por todo mundo. Claro que não só propiciou como estimulou tudo isso, mas a Globalização marca uma nova realidade do planeta, vivíamos separados e dispersos com nossas culturas e saberes, quando então nos demos por conta que estamos todos na mesma casa e sobre o mesmo teto.


Com certeza a aprendizagem a distância não é fruto apenas das novas ferramentas virtuais, mas de um conceito de globalização, onde posso exercer minha atividade com excelência em qualquer parte do planeta para qualquer parte do planeta. De um novo perfil de pessoas interessadas em trocar seus valores, seus gostos, seu dia-a-dia, não apenas com seus vizinhos. Os vizinhos para o ser globalizado é um mundo sem fronteiras. Desta forma um baiano pode ser professor de um indiano, um design uruguaio fazer um prédio em Dubai, termos amigos de Londres no Facebook, contar como é tomar um chimarrão para um russo pelo Orkut e como nós mesmos tornamos possível, realizar o evento de nosso Centro de Educação Tecnológica por plataforma de áudio-conferência com acesso de participantes de todo o Brasil.


A globalização nos pôs em movimento, nos deu uma consciência coletiva e nos fez ver que é a partir das diversidades e pela cooperação que podemos vencer nossas adversidades. A escolarização, a educação, o acesso ao conhecimento, sempre tiveram um preço muito alto para as empresas de médio e pequeno porte, para os trabalhadores braçais e as pessoas de pouco poder aquisitivo. A Globalização estimulou a informação livre através de bibliotecas de pesquisa como, por exemplo, o Google, inclusive se confrontando com os objetivos acadêmicos, pois para globalização um mundo burro não é produtivo. No mundo globalizado o trabalhador passa a ter um estafe de trabalhador de conhecimento e também responsável pela inovação, enquanto em outras épocas apenas repetia processos.


Em realidade, o cérebro de cada ser humano é como um relógio. Um relógio imensamente complexo que se põem em movimento e em poucos dias trás a fecundação. Relógio com enorme sabedoria que se constrói a si mesmo através de lembranças acumuladas em nossos genes a longo de milhões de anos de evolução. (Francisco Mora, El reloj de La sabedoría). O cérebro humano é plástico e os neurônios e as sinapses são modificados pelas circunstâncias. Os alunos que estudam a distância estão estreitamente vinculados as novas circunstâncias: um mundo sem distâncias, um mundo globalizado.


O importante não é se o aluno de aprendizagem a distância nasceu ou não na Era da Globalização, muito pelo contrário, a incidência pela modalidade em EAD tem sido em pessoas mais maduras. O importante é que o aluno de EAD pensa como um ser globalizado, onde o principio é sempre expandir e não enclausurar-se. Inclusive no que diz respeito ao espaço simbólico sala de aula, onde no EAD você está conectado ao mundo e na metodologia presencial você se fecha para estudar.


Conforme Boff, a virtude principal não é a estabilidade, mas a capacidade de criar estabilidades novas a partir de instabilidades. A lógica da natureza não é recuperar o equilíbrio anterior, mas gestar novas formas de equilíbrio aberto. Quando o aluno se torna responsável por seu autodesenvolvimento, ele aprende que a iniciativa e o espírito empreendedorista devem partir dele. Quer dizer, no ensino a distância o aluno tem que ser maduro o suficiente para ter a capacidade de criar estabilidades novas a partir de instabilidades, que nada mais é a lógica da nossa natureza, pois ele não tem o professor presencial como zona de conforto.


Enfim, a história humana evoluiu graças aos nossos espíritos inquietos e algozes por desvendar mistérios. Desde tempos remotos jogamos nossas naus ao mar para ver o que há além do horizonte. A educação a distância é essa embarcação que nos possibilita sermos capitães do nosso próprio saber, mentes com essa possibilidade pensam diferente, pois para elas longe é um lugar que não existe.


FONTE: http://www.administradores.com.br/informe-se/artigos/quem-estuda-a-distancia-pensa-diferente-parte-ii/53401/




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Quem estuda a distância pensa diferente? Parte II


Tomada de Decisão.


No frigir dos ovos a verdade é que se as crianças pudessem escolher em ir para escola ou não ir, o mais provável depois de uma idade, é que as salas de aula estivessem vazias. Aqueles que cursam ou cursaram o ensino formal não tomaram a decisão de estudar. Nos primeiros anos escolares somos convencidos e algumas vezes, inclusive obrigados. É a sociedade que empurra o aluno formal para dentro da escola, baseado num senso de outros do que realmente dele. Via de regra, o aluno formal vê aquelas disciplinas todas sem o menor sentido com a sua vida.

Segundo o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), em 2006, as universidades particulares registraram evasão de 25,1%, o equivalente a 669 mil estudantes. As instituições públicas se mantêm com 12,4% de evasão, o que representa 123 mil alunos de graduação que abandonaram o ensino superior. Conforme o diretor Executivo do Semesp (Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior do Estado de São Paulo), Rodrigo Capelato, a evasão tem razões financeiras, mas principalmente está relacionada com a escolha antecipada por uma profissão em que o estudante não se sente seguro.

O fato é que a mente que estuda presencialmente foi constrangida a um sistema educacional onde não é permitido ao aluno fazer suas escolhas. O professor é autor e responsável por toda a cena, não apenas no papel de personagem principal, bem como do de carrasco na hora da prova. "Nós, seres vivos, somos sistemas determinados em nossa estrutura. Isso quer dizer que somos sistemas tais que, quando algo externo incide sobre nós, o que acontece conosco depende de nós, de nossa estrutura nesse momento, e não de algo externo" (Maturana, 1998b, p. 27). Quer dizer, de alguma forma o ensino presencial não apenas briga contra as relações naturais, como também oficializou uma não autonomia dos alunos e colocou no externo (professor) a administração dos objetivos (sucesso) deles.

Ainda conforme o pensamento de Maturana, a ação é sempre congruente, de acordo ou refletida conforme o meio, desta forma os alunos presenciais também têm muitos problemas em tomar decisões e terem atitudes inovadoras em relação às mudanças, comparados com os alunos de EAD. O ensino formal de alguma forma estabelece uma zona de conforto, onde o aluno tem dificuldade em absorver os impactos das diversidades, por exemplo, a troca de um professor, ou vários professores dando a mesma disciplina. Na graduação e na pós a distância, 17% dos discentes desistem antes de se formar, enquanto nos presenciais essa taxa passa dos 25, 1% de acordo com o Censo de 2006 do Inep. "A evasão ocorre quando não há dedicação. Se as tarefas não são feitas em uma semana, na próxima é necessário correr muito para acompanhar. Quem não consegue colocar os estudos em dia desiste, pois percebe que não tem mais como chegar lá", explica Roberto De Fino Bentes, docente dos cursos a distância da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e consultor na área.

O Aluno de EAD com dificuldades nessa metodologia é aquele que trás como herança uma postura onde eu não sou responsável, não apenas pelos meus estudos, mas e principalmente, onde não sou responsável pelo empreender na minha vida.

Realmente a mente de quem estuda a distância é diferente, pois em geral a tomada de decisão de adentrar num novo ciclo de aprendizagem é consciente e focada. Seja qual for o motivo porque o aluno está estudando, os motivos são dele e não dos outros. Outra questão que também requer destaque está relacionada à responsabilidade do aluno a distancia por seu progresso, ele tem gerenciamento sobre isso. Interage nas questões relativas como, quando e onde vai estudar. Veja você que só aqui temos 3 tomadas de decisão que estão a cargo do aluno e não dá escola . Enfim, um homem que não é livre em suas escolhas, não pode dizer que fez escolhas. Um homem sem escolhas é um homem sem conhecimento, mesmo que seja uma biblioteca ambulante.

O ensino a distância por ser algo distinto e virtual impede nos fazer de vítimas, evita as desculpas da parte anterior do cérebro para evitar riscos, deixar os medos decidir por nós.